quarta-feira, 24 de abril de 2019

Cortinas de Fumaça





Cortinas de fumaça
Desfiguram os traços do meu rosto
Sentado na varanda sozinho
Enquanto a noite faz o seu caminho
Sentidos semi-amortecidos
Destilando a ansiedade e deixando os anseios
A solidão já não mais percebo como outra
Sou ela.

Ainda há algo em mim que resiste
Escolhi estas margens
Optei por molhar meus pés neste rio
Cada passo que dei me levou mais fundo
Agora sou o próprio fluxo
Me deixo levar
Deixo-me, deixo a ti.

Tentei me despir
Mas ainda estou com minhas vestes
O peso da roupa encharcada me leva mais fundo
Esgota-me
Sou um fluir presente
Com o peso do passado ainda em mim

Resisto a nudez
Postergo o toque na epiderme
Com o medo de perder-me
Perder-te
Temo rasgar as minhas vestes
Com ela minha pele
E com ela, você