quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Horizonte




Somos todos estranhos, estrangeiros
Transeuntes perenes em busca de nós mesmos

No horizonte de nossas estranhezas
O céu beija o mar

Com íntima e delicada beleza

terça-feira, 21 de março de 2017

VISLUMBRE DO CAMINHO DA EDUCAÇÃO


Um poema, escrito cerca de 600 a.C., me fez parar extasiado, pois destilou minha paixão em palavras translúcidas e permitiu perceber-me conexo ao fluxo da história, emaranhado na teia da vida. Em minha solitude pude ouvir os ecos de passos e vozes, e ser arrebatado pelo ritmo intenso e constante do pulsar de corações, de ardentes desejos, impetuosas palavras, e congruentes ações, que tecem, desenham e redescrevem todavia a história, de quem éramos, somos, e de quem podemos nos tornar. Em meio a “conversa da humanidade”, ouvi uma voz do passado-presente, rompendo as crostas do tempo e das convenções, som embebido de sentido, impulsionando-me ao porvir, sussurrando singelo caminho da “educação”.


Vá às pessoas
Viva entre elas
Aprenda com elas
Ame-as
Comece com o que elas sabem
Construa no que elas têm
Mas dos melhores líderes
Quando a sua tarefa é cumprida
E o seu trabalho é feito
O povo todo vai dizer:
“Fomos nós que fizemos”

(Lao Tsu – Tao Te Ching ["O Livro do Caminho e da sua Virtude"])

O SILÊNCIO





Calo-me

Penduro minhas palavras no cabide
Meus conceitos, outrora definiam, agora definham
Revelando o espaço sem eu, sem nós, sem o mundo
Vazio, destituído do sentido manifesto na vida
Despido da vida que possibilita o sentir
Como roupas sem dono
Como a pele sem corpo
Como a vida sem sonhos

Calo-me

Ruídos, grunhidos, gemidos
Me aproximo do sentido
Me aproximo do corpo escondido na roupa
Da dor, disfarçada no sorriso
Da pele, coberta e maquiada
Envolvo-me no som do desconhecido
No pulsar rítmico que vibra o meu corpo
Respiro
Fico embriagado de alento

Silêncio

Sem palavras
Sem conceitos
Sem formas
Sem cerceios

Silêncio

Sem o pêndulo do tempo
Nem os limites do espaço

Silencio

Encontro o indefinido, o inacabado
Encontro-me
Cheio de sentido inefável no perene fluir
Lagrimas brotam da fonte que bebo sem medo
Sem receio
Totalmente entregue
Totalmente presente
Integralmente envolvido
Plenamente encontrado
Simplesmente amado

Silencio.

Sinto a brisa
Sinto a chuva
Sinto o calor do sol
Sinto o toque
Sinto o mundo a minha volta
Sinto o mundo dentro de mim
Convido o universo
Ganho maior sentido
Aprendo a amar
Sinto você.

Calo-me

Agora posso ouvir
Compreender o que outrora estava tão perto

Tão perto quanto a pele

[inspirado no video clipe: Sigur Rós - Rembihnútur]



O SALTO




Desperto-me
O oceano envolve-me, transcende e perpassa minha existência
Impulsiona-me a percorrer a terra
A conectar-me com mundos manifestos nos olhares
Nas idiossincrasias da alteridade
A ouvir e partilhar o anseio por transformação
Pelo toque restaurador da esperança
Redescobrir a liberdade em cujo solo fértil germina o amor

Caminho
Meus passos ecoam o que minhas palavras procuram tocar
Percebo que não estou sozinho a imaginar e sonhar
Os ecos são os meus, os teus, os nossos passos
O calor que nos aquece nesta jornada 
Emerge da conexão de nossos propósitos
Do anelo de nossos corações

Percebo
Chegamos no ponto de mutação
Com ousadia corremos rumo ao "salto da fé"
Nos despimos de nossas velhas desculpas
De nossas couraças e de nossas culpas
Do peso que aprisionava nossos pés ao chão de verdades espúrias

Escolho
Saltar no vazio imenso das possibilidades de ser
Onde meus pés não tocam mais as certezas
que definiam quem és e quem sou
Tornando-nos responsáveis
pelo o que agora nos tornaremos
Ao encontro de nós mesmos no outro
No mundo, no amor



[Inspirado no video clipe: Sigur Ros - Glosoli]