terça-feira, 21 de março de 2017

O SILÊNCIO





Calo-me

Penduro minhas palavras no cabide
Meus conceitos, outrora definiam, agora definham
Revelando o espaço sem eu, sem nós, sem o mundo
Vazio, destituído do sentido manifesto na vida
Despido da vida que possibilita o sentir
Como roupas sem dono
Como a pele sem corpo
Como a vida sem sonhos

Calo-me

Ruídos, grunhidos, gemidos
Me aproximo do sentido
Me aproximo do corpo escondido na roupa
Da dor, disfarçada no sorriso
Da pele, coberta e maquiada
Envolvo-me no som do desconhecido
No pulsar rítmico que vibra o meu corpo
Respiro
Fico embriagado de alento

Silêncio

Sem palavras
Sem conceitos
Sem formas
Sem cerceios

Silêncio

Sem o pêndulo do tempo
Nem os limites do espaço

Silencio

Encontro o indefinido, o inacabado
Encontro-me
Cheio de sentido inefável no perene fluir
Lagrimas brotam da fonte que bebo sem medo
Sem receio
Totalmente entregue
Totalmente presente
Integralmente envolvido
Plenamente encontrado
Simplesmente amado

Silencio.

Sinto a brisa
Sinto a chuva
Sinto o calor do sol
Sinto o toque
Sinto o mundo a minha volta
Sinto o mundo dentro de mim
Convido o universo
Ganho maior sentido
Aprendo a amar
Sinto você.

Calo-me

Agora posso ouvir
Compreender o que outrora estava tão perto

Tão perto quanto a pele

[inspirado no video clipe: Sigur Rós - Rembihnútur]



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