A vida é de
fato um dos maiores mistérios do qual, no qual, e através do qual podemos criar
nossas mais distintas narrativas, sejam elas nascidas de nossas aspirações
científicas, sejam elas de nossos empreendimentos cotidianos, artísticos,
religiosos, ou de qualquer ação ou ferramenta linguística a nós disponível.
Por ser um
mistério, a mesma não se revela completa, fechada, acabada, nem se deixa
traduzir em simples palavras ou complexos conceitos, teorias, devaneios.
Ela só se
contém a si mesma e dela só se apreende por ela transpassado.
Dela não se
pode falar sem nela ser e estar, pois a distância desconectada da mesma,
neutra, independente, não-contaminada, é o nada.
Mesmo ao
ousar pensar no nada, neste hipotético lugar, vazio, desprendido do fluxo
constante e incontrolável da vida, só se é possível realizar-se a partir do
mergulho em sua própria contradição, pois desejar, pensar, querer, ousar, são
descrições de ações que eclodem da própria vida.
Por isso seu
mistério é seu próprio desvelamento, e a consciência de sua ação é de todo
opróbrio o alento.
Penso na
vida, neste momento, e percebo-me envolvido, encharcado, embriagado, mergulhado
nela.
Não posso
deixar de suspirar, e deixar algumas palavras escaparem de lábios agradecidos,
pois a narrativa que destila um fluxo constante de sentidos presentes, fundindo
meu passado e futuro, é àquela que vejo refletida nos olhos de quem amo.
Os primeiros
olhares, os sons, as cores, as primeiras palavras, os primeiros toques, os
primeiros beijos, confluíram dois mundos na arte inacabada e viva do amor.
O maior
mistério é a vida, o da vida é o amor. E tu, para mim, és ambas as coisas.
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