terça-feira, 21 de março de 2017

O MISTÉRIO, A VIDA E O AMOR

A vida é de fato um dos maiores mistérios do qual, no qual, e através do qual podemos criar nossas mais distintas narrativas, sejam elas nascidas de nossas aspirações científicas, sejam elas de nossos empreendimentos cotidianos, artísticos, religiosos, ou de qualquer ação ou ferramenta linguística a nós disponível.

Por ser um mistério, a mesma não se revela completa, fechada, acabada, nem se deixa traduzir em simples palavras ou complexos conceitos, teorias, devaneios.

Ela só se contém a si mesma e dela só se apreende por ela transpassado.

Dela não se pode falar sem nela ser e estar, pois a distância desconectada da mesma, neutra, independente, não-contaminada, é o nada.

Mesmo ao ousar pensar no nada, neste hipotético lugar, vazio, desprendido do fluxo constante e incontrolável da vida, só se é possível realizar-se a partir do mergulho em sua própria contradição, pois desejar, pensar, querer, ousar, são descrições de ações que eclodem da própria vida.

Por isso seu mistério é seu próprio desvelamento, e a consciência de sua ação é de todo opróbrio o alento.

Penso na vida, neste momento, e percebo-me envolvido, encharcado, embriagado, mergulhado nela.

Não posso deixar de suspirar, e deixar algumas palavras escaparem de lábios agradecidos, pois a narrativa que destila um fluxo constante de sentidos presentes, fundindo meu passado e futuro, é àquela que vejo refletida nos olhos de quem amo.

Os primeiros olhares, os sons, as cores, as primeiras palavras, os primeiros toques, os primeiros beijos, confluíram dois mundos na arte inacabada e viva do amor.


O maior mistério é a vida, o da vida é o amor. E tu, para mim, és ambas as coisas.

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